sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Tratamento contra o alcoolismo

Resolvi fazer este blog pois apesar de ter lido muitas matérias falando sobre o baclofen/ baclofeno, que é um medicamento contra espamos musculares/ relaxante muscular, e que vem sendo muito usado para o tratamento de alcoolismo, poucas pessoas gostam de falar no assunto e tem poucos relatos. Eu acho que falar os resultados e os efeitos colaterais é muito importante para quem deseja iniciar o tratamento que ainda não é prescrito no Brasil. Na verdade atualmente somente na França é autorizado pelos órgãos de saúde.

Vou postar aqui algumas pautas e matérias que já li antes de iniciar a falar de mim mesma:



Sou psicóloga e tenho conversado com alguns amigos médicos sobre o tratamento do alcoolismo com a medicação chamada baclofeno. Há muitos pacientes interessados nesse tema. Essa medicação é eficaz?


Resposta: O alcoolismo é uma doença crônica que necessita de tratamento médico e psicológico prolongado. Semelhantemente a qualquer doença crônica, como diabetes mellitus e hipertensão arterial, episódios de recaídas e falhas terapêuticas são bastante comuns.
A heterogeneidade dos portadores dessa doença deve sempre ser considerada durante as abordagens terapêuticas, tendo em vista que determinados tipos de alcoolistas respondem diferentemente a específicos tipos de tratamento.
Progressivamente, tem-se verificado que a associação entre o tratamento farmacológico e o psicossocial é mais eficaz do que qualquer uma das abordagens aplicada isoladamente em dependentes de álcool.

Além da heterogeneidade dos portadores de alcoolismo, os profissionais de saúde dedicados ao manejo dessa doença devem estar cientes das várias alterações neurobiológicas provocadas pelo consumo prolongado da droga. Essas alterações justificam a utilização das medicações atualmente existentes para o tratamento dessa condição.

A busca por agentes psicofarmacológicos eficazes no tratamento de pacientes dependentes de etanol tem, durante as duas últimas décadas, identificado algumas drogas com potencial utilidade clínica no tratamento da dependência de álcool. Até o momento, apenas três medicações receberam aprovação do FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento da Síndrome de Dependência do Álcool: Dissulfiram, Naltrexone e Acamprosato. No entanto, novas medicações têm sido intensamente estudadas para tratar esse grave problema de saúde pública com resultados promissores, como o topiramato, o ondansetron, o baclofeno, dentre outras.

De qualquer forma, o tratamento farmacológico do alcoolismo tem passado por um período de crescimento e otimismo científico, apesar das medicações até então aprovadas demonstrarem modesta eficácia na promoção e manutenção da abstinência na população de dependentes de álcool.
Ação do baclofeno

O baclofeno é uma medicação aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration) como um relaxante muscular, ou seja, com atividade antiespástica. Essa medicação exerce ação depressora sobre o Sistema Nervoso Central, através de ação específica sobre receptores inibitórios (GABAb).
Diminui fissura por álcool 
Os efeitos do baclofeno na redução da fissura por álcool podem ser explicados pela sua capacidade de interferir com os substratos neuronais que medeiam as propriedades reforçadoras do etanol. Essa hipótese poderia explicar o rápido efeito do baclofeno na redução do pensamento obsessivo pelo álcool já verificado em algumas pesquisas realizadas com alcoolistas.

Em pacientes dependentes de álcool, alguns estudos abertos e *duplo-cegos utilizando a medicação baclofeno foram já desenvolvidos e concluídos. Um dos primeiros estudos publicados em revista científica, com o baclofeno sendo administrado na dosagem de 15mg/d nos primeiro 3 dias e depois 30mg/d por 30 dias, demonstrou eficácia. No segundo estudo, com 9 homens e 3 mulheres recebendo baclofeno na dose de 30mg/d por 12 semanas, a medicação foi efetiva na redução do consumo de álcool, na manutenção da abstinência e na redução da fissura.

Em estudo duplo-cego randomizado placebo-controlado com 39 homens dependentes de álcool (20 pacientes em uso de baclofeno 15 mg/d nos 3 primeiros dias e depois 30 mg/d divididos em 3 tomadas diárias por 4 semanas e 19 pacientes em uso de placebo), 70% daqueles que fizeram uso de baclofeno permaneceram abstinentes durante a pesquisa contra 21% dos pacientes em uso de placebo.

Recentemente, publicou-se outro estudo duplo-cego randomizado com 84 dependentes de álcool com cirrose hepática, no qual metade dos pacientes tomou 15mg/d nos 3 primeiros dias seguidos por 30mg/d de baclofeno (com a dose de 10 mg tomada por 3 vezes ao dia) e a outra metade tomou placebo 3 vezes ao dia por 12 semanas. Dos pacientes em uso de baclofeno, 71% permaneceram abstinentes durante o período do estudo, enquanto dos pacientes que tomaram placebo 29% permaneceram abstinentes.

Nesses estudos, o baclofeno também provou ser efetivo na redução da fissura, reduzindo seus componentes obsessivos e compulsivos e outros componentes ansiosos. Finalmente, o baclofeno foi bem tolerado, com poucos efeitos colaterais e sem risco de abuso.

Entretanto, ainda faltam estudos para averiguar para quais tipos de pacientes a medicação baclofeno pode ser mais eficaz. Similarmente aos prévios estudos farmacológicos para avaliação da eficácia de medicações (como aqueles envolvendo o Acamprosato e Naltrexone) no tratamento do alcoolismo, têm também surgido pesquisas que não demonstram a eficácia do baclofeno sobre o placebo entre dependentes de álcool. Resultados contrastantes devem ser melhor verificados, avaliando para qual tipo de alcoolista essa medicação é mais eficaz.

Sob quaisquer hipóteses ou pretextos, nenhuma medicação por si só deve ser considerada “a pílula mágica” para o tratamento dessa grave doença médica. De fato, pesquisas sérias devem ser desenvolvidas para melhor avaliar a eficácia e segurança terapêutica da medicação, inclusive com doses maiores das que têm sido já utilizadas em pesquisas publicadas em revistas científicas sérias. Certamente, todas as pesquisas envolvendo o uso de medicação devem ter a aprovação de comitês de ética devidamente organizados.

De qualquer forma, o otimismo científico em torno dessa medicação não tem sido pequeno; todavia, o cuidado em relação ao “endeusamento” dessa medicação deve sempre ser considerado, tendo em vista a heterogeneidade dos portadores dessa doença.
* Duplo-cego: método de pesquisa onde o pesquisador e o sujeito da pesquisa não conhecem exatamente qual o fármaco que está sendo administrado naquele momento.

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 Paris - Um estudo dirigido por um médico francês de 2008 a 2010, publicado esta semana na revista "Frontiers in Psychiatry", mostra a eficácia do baclofeno no tratamento a longo prazo do alcoolismo.
Até o momento, a eficácia desta molécula, inicialmente prescrita na neurologia, mas cada vez mais utilizada no tratamento do alcoolismo, tinha sido testada apenas em curto e médio prazo, até um ano após o início do tratamento.
O novo estudo, liderado pelo Dr. Renaud de Beaurepaire (Groupe Hospitalier Paul-Giraud em Villejuif, perto de Paris), focou em 100 pacientes, dependentes de álcool e resistente aos tratamentos convencionais. Eles foram tratados com doses crescentes de baclofeno e sem limite superior.
Os resultados mostram que a percentagem de pacientes que se tornou totalmente abstinente ou que passou a ter um consumo normal, segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi de aproximadamente 50% em todas as avaliações realizadas após três meses, seis meses, um ano e dois anos.
Um número de pacientes também conseguiu diminuir significativamente o seu consumo de álcool, mas sem ainda ter total controle, e passaram a se enquadrar na categoria de pacientes com "risco moderado", de acordo com padrões da OMS.
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França autoriza o uso do medicamento Baclofeno para tratar o alcoolismo

A Agência Nacional de Segurança do medicamento da França (ANSM ) autorizou a recomendação temporária do uso do medicamento Baclofeno para o tratamento do vício do álcool, após estudos apontarem sua contribuição para a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e a manutenção da abstinência. Desde 2008 o medicamento, vem sendo testado contra alcoolismo, apresentando resultados favoráveis. A agência recomenda que seja feito um acompanhamento psicossocial dos pacientes para assegurar que o uso do medicamento não leve à outros problemas.
Apesar de não ter autorização para a prescrição do medicamento para estes casos, estima-se que mais de 50 mil pessoas já utilizavam o Baclofeno para parar de beber. O uso deste produto é muito comum no tratamento de doenças neurológicas como a esclerose múltipla e Parkinson, sendo indicado também como um eficaz relaxante muscular.
Os resultados dos testes para verificar a eficácia do uso do medicamento Baclofeno para tratar o alcoolismo à longo prazo na França continuaram positivos, o que indica a possibilidade de que o medicamento possa começar a ser indicado para ajudar no combate ao vício do álcool.
De acordo com uma pesquisa publicada ainda em 2012 na revista médica Frontiers in Psychiatry, os efeitos positivos da do Baclofeno nas pessoas que sofrem com o alcoolismo podem durar por pelo menos dois anos. Em um primeiro momento, o teste coordenado pelo professor Renaud de Beaurepaire, foi feito com 100 pessoas classificadas como de ’alto risco’, no Grupo Hospitalar Paul Guiraud, França.
Na ocasião, após três meses de observação do tratamento com doses do medicamento, 84% dos pacientes alcoólatras passaram a ser classificados como de baixo risco (controle do consumo) ou moderado (consumindo menos, mas não controlado). Passados dois anos, a taxa observada foi de 62%. Isso demonstra que há fortes indícios de que o medicamento pode ser considerado uma alternativa aos tratamentos convencionais.
Recaídas 
Ainda de acordo com a pesquisa, os pacientes que permaneceram no grupo de ‘alto risco’ nos primeiros meses se explica pelo hábito de beber ou pela motivação insuficiente para parar, mais do que pela ineficácia do medicamento. Para os pesquisadores, grande parte das pessoas que participaram do estudo estava tão ritualizada ao ato de beber que apresentava muita dificuldade em parar, mesmo com a redução do apetite pelo álcool após o uso do baclofeno. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão a fadiga e a sonolência.

 

 

3 comentários:

  1. Olá Amanda,gostaria de ler mais sobre as outras semanas com . pois só conseguir ler até a sétima semana. Como vc está?
    . Aguardo...

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    1. Bom dia, desculpa que só estou vendo seu comentário agora. Apice, para falar a verdade eu continuei bebendo pelos programas, mas te digo que bebia até meio que forçado. Eu ficava um FDS inteiro sem beber e sem ficar naquela compulsão por um chopp, conseguia ficar o dia inteiro na sogra brincando com os sobrinhos do marido sem ansiedade de sair logo de lá. Mas infelizmente o produto está em falta no mercado e só voltará em janeiro/2015.

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    2. Olá Amanda, como está atualmente sua experiência com baclofen? Achei muito interessante, abs

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