quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Sobre o método sinclair

 Caros leitores,

Há muito não escrevo aqui, com uma criança, trabalho, faculdade na qual me formei agora em 2021, e ainda pandemia, não foi fácil. E ainda emendei um divórcio há 2 anos.

Imagino que como eu, a maioria dos adictos, nessa pandemia só piorou. Eu após o baclofeno ter me ajudado muito, e claro que qdo engravidei eu não estava mais tomando e foi relativamente fácil não beber na gravidez e no pós gravidez e agradeço muito ao baclofeno que tirou a minha fissura antes mesmo da gravidez em si. Mas como meu ex marido gostava de uma festa e estávamos sempre em algum churrasco, foi só minha filha não depender mais do leite materno (mas ainda mamava) eu voltei a beber. Quem já ficou muito tempo sem beber sabe que inicialmente é tudo como no inicio, bem controlado, e com o tempo as coisas voltam a ficar sem controle, talvez o fato de eu ter uma criança me fazia ser mais controlada. Mas após o meu divorcio eu percebi que comecei a exagerar algumas vezes em locais que eu me sentia segura, por exemplo, casa de amigo na qual eu iria dormir e não ia precisar dirigir, e já estava novamente me incomodando perder o controle. Foi quando um leitor me apresentou o metodo sinclair. Como eu estava tendo umas crises de ansiedade pois foi logo quando a pandemia começou, eu marquei um psiquiatra e fui, expliquei tudo sobre o descontrole com o alcool e a ansiedade, e já falei sobre um método que eu conhecia e na hora ele me receitou a naltrexona, quis me receitar o similar revia que é carérrimo, ai voltei nele e pedi pra trocar a receita, pois a farmacia não aceita vender o genérico se não está o nome do principio ativo lá na receita, eu tenho convênio então para mim foi bem fácil. 

Iniciei o tratamento e logo vi que tinha efeitos colaterais, em mim inicialmente foram: náusea, impaciência, um sentimento de estresse psicológico que não sei explicar, mas que com o tempo foi diminuindo, mas nunca parou 100%. 

Mas vou contar a minha experiência, pra mim funcionou muito, eu comecei a beber totalmente controlado, o naltrexona tira a euforia da bebida, logo a gente não fica com necessidade de beber mais para ficar mais "alegre" ainda. A  fissura, que é aquela vontade de beber qdo está em casa sozinho eu não tinha voltado a ter pós tratamento com baclofeno e gravidez, e tenho certeza que foi a naltrexona que não deixou voltar, e também a naltrexona me deixou bem controlada quando eu via matérias e mais matérias nas midias dizendo que as pessoas estavam bebendo cada vez mais por causa da pandemia. Estava bebendo aos finais de semana e nunca mais dei trabalho nem perdi a noção. Acontece que tem mais ou menos uns 2 meses que eu não consigo mais tomar a naltrexona, os efeitos de repente começaram a ficar terríveis, acredito que ele esteja atacando o meu fígado, eu fico com dor de cabeça insuportável, náusea toda hora, dor de estômago, tontura e todos os problemas físicos que tem na bula, menos os psicológicos (tipo suicidar), enfim, tentei por 3 vezes e simplesmente parei. 

E foi só eu parar para meu atual namorado dizer que estou começando a perder a mão na hora de beber, sendo que ele dizia que achava legal o quão controlada eu era (ele não sabe do problema e medicação).

Eu busquei grupos no face sobre o método, e gostaria muito de ter um grupo com pessoas que fazem o tratamento para conversar, ver se tem uma forma de parar os efeitos colaterais, porque o naltrexona realmente foi um divisor de águas. O baclofeno já tinha sido, porém os efeitos também eram muito pesados e não é uma opção voltar ao baclofeno tendo uma criança pequena e nem mais para frente. Eu achei mesmo que tinha me encontrado e que era a solução da minha vida o método sinclair. Hoje fico até um pouco receosa de voltar a fissura, que já faz anos que não tenho. Quando eu digo fissura, é aquela ansiedade para chegar final de semana só pra beber, não que minha vontade seja zero, porque não é, mas é como se fosse uma vontade de chocolate, uma vontade de comida japones, talvez um pouco mais empolgante por saber o tuim que vai dar depois, mas nada como "preciso" como já senti algum momento da minha vida.

Enfim, estou tentando buscar uma solução para os efeitos colaterais, eu fico tão ruim com o naltrexona que preciso deitar que nem em pé consigo ficar, no natal tomei após o almoço e acabei com meu dia todo, foi horrível.

Por aqui continua a saga para tentar se manter no controle.